segunda-feira, 31 de março de 2014

Porque construíram o estádio independência, você sabe ?


Copa do mundo 1950 

O Brasil foi escolhido para receber a quarta edição da Copa do Mundo FIFA. O presidente da entidade na época, o francês Jules Rimet, alegou que estaria levando o torneio para a América do Sul para que a Europa se recuperasse dos traumas da Segunda Guerra Mundial.

Entre as cidades escolhidas, estava Belo Horizonte. A capital mineira, porém, não tinha tanta representatividade no futebol quanto os grandes centros São Paulo e Rio. Mas, por ser uma cidade importante para o país, BH foi escolhida para sediar jogos do torneio. Só que havia um problema: a cidade precisava de um estádio que atendesse às exigências da FIFA para sediar partidas daquela competição.

América, Atlético e Cruzeiro já possuíam seus estádios, mas não eram suficientemente confortáveis e também não possuíam capacidade considerável para a torcida acompanhar as partidas. Foi, então, que a Federação Mineira de Futebol, juntamente com a Prefeitura de Belo Horizonte, comprometeu-se a construir um estádio à altura do evento. Em 1948, as obras foram iniciadas.

O "Gigante do Horto", como ficou conhecido o estádio Raimundo Sampaio, hoje chamado popularmente de "Independência", ficou pronto às vésperas da Copa e chegou a abrigar 20.000 pessoas, tornando-se o 3º maior estádio do país na época.

O dia 25 de junho de 1950, um domingo, entrou para a história do esporte mineiro. Iugoslávia e Suíça fizeram a partida de inauguração do estádio Independência para um público pequeno de 7.155 pagantes e com renda de Cr$ 232.890,00. A verba arrecadada não foi a esperada porque muitos sócios do Sete de Setembro, clube concessionário do estádio, não pagaram para entrar, e, além disso, os ingressos eram muito caros. Os iugoslavos venceram por 3 a 0.

No dia seguinte, chegaram a Belo Horizonte ingleses e uruguaios. Os primeiros seguiram de ônibus do aeroporto da Pampulha até Nova Lima, onde foram recebidos pela diretoria inglesa da Companhia Morro Velho. Já os sul-americanos se hospedaram, sem provocar alarde, no antigo Grande Hotel, que ficava localizado na esquina da rua da Bahia com avenida Augusto de Lima.


No dia 29, uma quinta-feira, BH sediou mais uma partida. O prefeito da capital na época, Otacílio Negrão de Lima, decretou feriado municipal a partir das 12 horas para que a torcida pudesse comparecer ao jogo. E deu certo, uma vez que 11.000 torcedores compareceram para presenciar uma das maiores, senão a maior, zebra da história das copas. Os EUA derrotaram os criadores do futebol por 1 a 0. A torcida mineira torceu do início ao fim para os americanos, que retribuíram com muita cordialidade ao carinho dos mineiros.

A terceira e última partida na capital mineira foi um confronto sul-americano. Uruguai e Bolívia se enfrentaram no Independência, e os uruguaios deram um passeio no bolivianos - 8 a 0 no placar, e a torcida brasileira, empolgada com a vitória sobre a Iugoslávia, não se deu conta de que a "Celeste Olímpica", como era a chamada a seleção uruguaia, seria a pedra no sapato da Seleção canarinho.


Na manhã do dia 13 de julho, quinta-feira, a capital mineira acordou pintada de verde e amarelo. Para o Brasil conquistar o primeiro título mundial, bastava vencer a Espanha e empatar com o Uruguai. Em bares, bancos e ruas, o assunto era somente o jogo contra os espanhóis. Em Minas Gerais, um grande número de torcedores viajou até o Rio de Janeiro para acompanhar a partida, esgotando as passagens de avião e trem.

O governo mineiro encerrou todas as atividades às 14 horas. Belo Horizonte parou, e, como não existia TV na época, muitas pessoas se aglomeravam na porta dos estabelecimentos comerciais para acompanhar a partida pelo rádio. Naquele tempo, já se notava a presença do público feminino nas partidas de futebol.

A Seleção Brasileira derrotou a Espanha por 6 a 1, e o grito de campeão já era impossível de se conter. Bastava esperar o próximo domingo para o Brasil poder comemorar a primeira conquista mundial no futebol.

É chegado o grande dia. O país inteiro parou para acompanhar a decisão diante dos uruguaios. Na capital mineira, muita expectativa para a hora do jogo. Os Diários Associados fretaram um avião com o intuito de levar uma equipe de 27 jornalistas para cobrir a partida. A torcida brasileira contava as horas para soltar o grito de campeão. Mas jamais o público de 200.000 pessoas no Maracanã iria imaginar o que estaria para acontecer.

A partida começou, e o primeiro tempo foi com pressão total da Seleção Brasileira que esbarrava na grande atuação do goleiro uruguaio Maspoli. A primeira etapa terminou sem gols. Mas, no segundo tempo, logo aos 2 minutos, Friaça abriu o placar para o Brasil, levando a torcida no Maracanã, e em todo o país, ao delírio, esperando apenas o fim do jogo para comemorar o título.

Mas a Seleção recuou, o Uruguai tomou conta do jogo, até que Schiaffino empatou a partida aos 21 minutos da etapa final: 1 a 1. O tempo passava, e a torcida brasileira já não fazia a mesma festa de antes do início do jogo. Aos 34 minutos, Gigghia escapou pela direita e, em vez de fazer o cruzamento para a área, chutou direto para o gol, traindo o goleiro Barbosa. Era a virada uruguaia: 2 a 1.

Daí em diante a Seleção Brasileira tentou, mas parou na bela atuação de Maspoli e na "catimba" uruguaia. O jogo acabou. O Uruguai se tornava bicampeão mundial. Mais uma vez, o Brasil não conseguia o tão sonhado título, e o Maracanã chorava incontrolavelmente a derrota amarga. O sonho terminara, e estava concretizado o que todos chamam até hoje de "Maracanazo".


 
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